segunda-feira, 9 de abril de 2007

Poluição ambiental da Ribeira

De acordo com o Centro de Recursos Ambientais (CRA), o maior desastre ambiental que se teve notícia na Baia de Todos os Santos foi causado por um fenômeno conhecido como maré vermelha. O resultado da análise do CRA encontra melhor esclarecimento no site Meu Mundo. Nele, consta que a maré vermelha é causada pelas condições favoráveis de temperatura, pressão e densidade, em que microorganismos podem se multiplicar rapidamente e crescer excessivamente em número, causando a morte de peixes, como o que se viu.

A Ribeira sofreu também as conseqüências da maré vermelha. Mas, não foi somente tal acontecimento o responsável pela deterioração da qualidade de vida dos moradores do bairro. Lá, outros tipos de agressões são praticados, desde a ocupação desordenada, passando pelos poluentes tóxicos que contaminaram as águas do mar. Nos últimos cinqüenta anos, aumentou o número de invasões, palafitas, bares, barracas, pagodes, som alto, transposição da areia marinha para aterrar pontos da cidade, pesca predatória com bombas, e tantas outras práticas danosas ao ambiente. Seus efeitos já são sentidos em toda a península itapagipana, sem que a esfera governamental tome providências.

Na enseada dos Tainheiros, por exemplo, ainda existem detritos tóxicos, porém menos do que antes, porque as indústrias poluentes foram desativadas, como informa o engenheiro José Francisco Ramalho, especialista em Gestão Ambiental pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Para ele, a grande impureza que existe hoje em dia é a do lixo doméstico, jogado no mar pelos moradores das palafitas. “A educação é um instrumento eficaz e pode ser utilizado como medida preventiva e corretiva contra o impacto negativo da sujeira naquele ambiente urbano”.

Antonio Cezar Brito de Oliveira, presidente da Sociedade Beneficente Esportiva Santa Cruz, organização não governamental (ONG), considerada de utilidade pública municipal pela Lei nº 5.386, de 12.06.1998, tem a mesma opinião de Ramalho. Ele também considera que a falta de informação é que leva as pessoas a poluírem o meio em que vivem. Por isso, tomou a iniciativa de atuar nas áreas alagadas e de aterro, que se estendem da Ribeira ao Uruguai, trabalhando as desigualdades sociais daquela população de aproximadamente 170 mil habitantes, que ali vive em precárias condições.

Oliveira vai além e afirma que a Santa Cruz dispõe de infra-estrutura como sanitários, água potável, cozinha, e área de lazer. Além de salas em que são ministradas aulas regulares e de educação ambiental, a sociedade incentiva atividades esportivas e culturais, com o objetivo de preencher o tempo e educar crianças, adolescentes e adultos da comunidade. “Há oito anos venho propondo alternativas para o bairro ao tratar a questão das desigualdades sociais das palafitas, que contrastam com a Península histórica e de tradições”.

Dados da Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Bahia (Sedur) indicam que o Programa Bahia Azul eliminou 89 pontos de lançamentos de esgotos na praia do Bogari e resgatou a balneabilidade das águas daquela praia. Não é o que diz Ivã Ferreira de Amorim, geógrafo do Centro de Recursos Ambientais (CRA), ligado à Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh). Na opinião de Amorim, o esgotamento sanitário da Ribeira ainda não foi resolvido porque os recursos à disposição do CRA são escassos. “Só a educação preventiva é capaz de mudar as consciências das pessoas”.

Quem visita o lugar pode verificar o estado desolado em que se encontra. Esgotos pelas praias, lixo por todos os cantos, passeios esburacados, sujeiras provocadas pelas barracas, sons altos dos carros – principalmente aos domingos. Tudo isso contribui para piorar a qualidade de vida dos que ali vivem. Na Ribeira, que em outros tempos foi lugar de veraneio das elites de Salvador, atualmente até o banho de mar é evitado devido à sujeira.

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